Ainda
sobre olhar, uma música do Oficina G3 que sempre me traz lágrimas.
Honestamente, não gosto de versos que chamem o Senhor de “você”. Mas quando
reflito e percebo que cada dia enxergo menos, no sentido material, meu coração
se enche de fé e esperança em relação ao cuidado e à misericórdia de Deus. E só
me resta o louvar.
Aproveitando
que segunda-feira foi aniversário de meu grande amigo André, segue o próprio
cantando com o Alexandre “Coração Adorador”. Que vem a calhar com o nome do blog,
aliás, “inventado” pela Anna, desaparecida ultimamente =).
"A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu
corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso." Lucas 11:34
Esses
dias conversava com minha mãe sobre impressões. Todos estamos sujeitos a
impressões superficiais. Como saber aquilatar exatamente quem é cada pessoa,
qual a sua história, o seu caráter? Na maioria das vezes isso é impossível.
Lembro
que uma das melhores amigas que já tive na vida deu-me, na adolescência, um
livro chamado “O Leitor de Corações”. Recomendo-o. Trata-se da história de um
crente “morno” que ouve a palavra “EFATÁ” (“abre-te” - Marcos 7:34) durante um sonho e acorda
de posse do dom de saber exatamente quais as necessidades emocionais e
espirituais de cada ser humano que o cerca.
Há
quem conteste a classificação “teológica” do amor como “dom divino”. Não entrarei
nesse mérito. Mas sou da opinião de que a perfeita caridade nos abre os olhos.
E nos constrange a sentir e sofrer a alma próxima. O amor (como presente
sobrenatural) “amolece” o olhar humano, tão crítico e pronto a julgar.
Cecília
Meireles, em A Arte de Ser Feliz, fala que é preciso aprender a olhar. E o Mestre dos mestres, Jesus Cristo,
fala que a candeia do corpo são os olhos. O que temos visto? E qual tem sido a
interpretação inferida?
Alberto Caeiro,
um dos heterônimos do poeta Fernando Pessoa, diz que a verdadeira
sabedoria está em olhar sem pensar. Ousadamente, replico que o desafio é
conseguir pensar ao olhar. Ir além da impressão mesquinha, julgadora e
materialista. Subjugar a ilusão superficial. Pensar em Deus. Ver Deus. Ver o Amor.
"Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de
Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele."1 João 3:1
George
Harrison, o grande cantor, musicista e compositor, diz em uma de suas músicas,
em tradução livre, que “por causa de todas as lágrimas, os olhos deles não
podem ter esperança de ver a beleza que os rodeia”. Na realidade, este
magnífico homem, morto há mais de dez anos, acreditava na filosofia panteísta
segundo a qual tudo o que existe é Deus. Não é a nossa proposta. Não somos
deuses, nem parte dEle, nem temos absolutamente nada de divino e soberano em
nossa matéria desprezível. Mas a oração de hoje é que a Caridade (revelada em
Cristo) nos enxergue e alcance de tal forma que cure a nossa cegueira
espiritual. A fim de que vejamos a maravilha da Criação de Deus. E a maravilha
da Misericórdia Divina, que deposita tesouros em vasos de barro.
"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do
céu." Eclesiastes 3:1
- Beijo, tchau!
- Ô! Vai aonde?
- Pra casa, meu ônibus sai daqui
a cinco minutos...
- NÃO! EU NÃO DEIXO!
- Por favor, minha mãe vai ficar
sozinha lá em São Paulo?
- Mas eu não quero!
- A gente se vê mês que vem. O
Natal vai ser lá!
- Mas eu já tô com muita idade...
- Dá cá mais um abraço. Até mês que vem.
Falávamos aqui em fechar o ano. Novamente 2011 é melhor que 2010,
para mim. Ano passado perdi um “quase-parente” (primo-do-marido-da-irmã-da-avó
é complicado de explicar) que me carregou no colo todos os dias, durante a
infância, É difícil, é quase estúpido ficar sabendo que alguém que participou
da formação do seu caráter, radiante na meia-idade, de repente “parou de
funcionar”. Simplesmente não está mais lá. Adicione-se a isso o desencontro de
quase vinte anos, e uma cidade alagada no dia do funeral, e o que resta é um
vazio e uma frustração infinitas.
Mas
hoje não. Porque ela se despediu. Porque sabíamos que era inevitável. Porque
houve reconciliação. Reencontros. Claro que ainda daria tudo para poder sentar
ao seu lado e segurar sua mão novamente. Mas, parafraseado um amigo, ela soube
habilmente colocar pontos finais, ainda que de forma tardia, em todas as frases
interrompidas e mal pronunciadas ao longo de meus vinte e seis anos.
Pergunto: o
que temos deixado em suspenso? Adiado, mal resolvido, pendente? O poeta Manuel
Bandeira diz, em Consoada:
"Quando a Indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável),
talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou diga: - Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com os seus
sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar."
São
Paulo, prevendo sua morte, diz:: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz,
me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua
vinda." (2 Timóteo 4:7)
Lembra-me
o testemunho do afamado pregador Dwight L. Moody, que em certa ocasião concedeu uma semana
para que o povo pensasse em seu sermão. Sentiu-se atormentado durante muitos
anos, pois grande parte de sua platéia não sobreviveu a um inesperado incêndio
que devastou a cidade de Chicago, antes do domingo seguinte, prazo final previsto para a
tomada de decisão do rebanho.
JAMAIS deixe para domingo o evangelizar, o
reencontrar, o segurar a mão.
Deixo Don Moen cantando "When it´s all been said and done"