[em memória de Zilda Franzini
Fontana]
"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu." Eclesiastes 3:1 | ||
- Beijo, tchau!
- Ô! Vai aonde?
- Pra casa, meu ônibus sai daqui
a cinco minutos...
- NÃO! EU NÃO DEIXO!
- Por favor, minha mãe vai ficar
sozinha lá em São Paulo?
- Mas eu não quero!
- A gente se vê mês que vem. O
Natal vai ser lá!
- Mas eu já tô com muita idade...
- Dá cá mais um abraço. Até mês que vem.
Falávamos aqui em fechar o ano. Novamente 2011 é melhor que 2010,
para mim. Ano passado perdi um “quase-parente” (primo-do-marido-da-irmã-da-avó
é complicado de explicar) que me carregou no colo todos os dias, durante a
infância, É difícil, é quase estúpido ficar sabendo que alguém que participou
da formação do seu caráter, radiante na meia-idade, de repente “parou de
funcionar”. Simplesmente não está mais lá. Adicione-se a isso o desencontro de
quase vinte anos, e uma cidade alagada no dia do funeral, e o que resta é um
vazio e uma frustração infinitas.
Mas
hoje não. Porque ela se despediu. Porque sabíamos que era inevitável. Porque
houve reconciliação. Reencontros. Claro que ainda daria tudo para poder sentar
ao seu lado e segurar sua mão novamente. Mas, parafraseado um amigo, ela soube
habilmente colocar pontos finais, ainda que de forma tardia, em todas as frases
interrompidas e mal pronunciadas ao longo de meus vinte e seis anos.
Pergunto: o
que temos deixado em suspenso? Adiado, mal resolvido, pendente? O poeta Manuel
Bandeira diz, em Consoada:
(Não sei se dura ou caroável),
talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar."
São
Paulo, prevendo sua morte, diz:: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz,
me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua
vinda." (2 Timóteo 4:7)
Lembra-me
o testemunho do afamado pregador Dwight L. Moody, que em certa ocasião concedeu uma semana
para que o povo pensasse em seu sermão. Sentiu-se atormentado durante muitos
anos, pois grande parte de sua platéia não sobreviveu a um inesperado incêndio
que devastou a cidade de Chicago, antes do domingo seguinte, prazo final previsto para a
tomada de decisão do rebanho.
JAMAIS deixe para domingo o evangelizar, o
reencontrar, o segurar a mão.
Deixo Don Moen cantando "When it´s all been said and done"
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