quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Guardando o rebanho e o olhar


"A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso." Lucas 11:34

            Esses dias conversava com minha mãe sobre impressões. Todos estamos sujeitos a impressões superficiais. Como saber aquilatar exatamente quem é cada pessoa, qual a sua história, o seu caráter? Na maioria das vezes isso é impossível.
            Lembro que uma das melhores amigas que já tive na vida deu-me, na adolescência, um livro chamado “O Leitor de Corações”. Recomendo-o. Trata-se da história de um crente “morno” que ouve a palavra “EFATÁ” (“abre-te” - Marcos 7:34) durante um sonho e acorda de posse do dom de saber exatamente quais as necessidades emocionais e espirituais de cada ser humano que o cerca.
            Há quem conteste a classificação “teológica” do amor como “dom divino”. Não entrarei nesse mérito. Mas sou da opinião de que a perfeita caridade nos abre os olhos. E nos constrange a sentir e sofrer a alma próxima. O amor (como presente sobrenatural) “amolece” o olhar humano, tão crítico e pronto a julgar.
            Cecília Meireles, em A Arte de Ser Feliz,  fala que é preciso aprender a olhar. E o Mestre dos mestres, Jesus Cristo, fala que a candeia do corpo são os olhos. O que temos visto? E qual tem sido a interpretação inferida?
Alberto Caeiro, um dos heterônimos do poeta Fernando Pessoa, diz que a verdadeira sabedoria está em olhar sem pensar. Ousadamente, replico que o desafio é conseguir pensar ao olhar. Ir além da impressão mesquinha, julgadora e materialista. Subjugar a ilusão superficial. Pensar em Deus. Ver Deus. Ver o Amor.

"Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele." 1 João 3:1

George Harrison, o grande cantor, musicista e compositor, diz em uma de suas músicas, em tradução livre, que “por causa de todas as lágrimas, os olhos deles não podem ter esperança de ver a beleza que os rodeia”. Na realidade, este magnífico homem, morto há mais de dez anos, acreditava na filosofia panteísta segundo a qual tudo o que existe é Deus. Não é a nossa proposta. Não somos deuses, nem parte dEle, nem temos absolutamente nada de divino e soberano em nossa matéria desprezível. Mas a oração de hoje é que a Caridade (revelada em Cristo) nos enxergue e alcance de tal forma que cure a nossa cegueira espiritual. A fim de que vejamos a maravilha da Criação de Deus. E a maravilha da Misericórdia Divina, que deposita tesouros em vasos de barro.

Ron Kenoly, I see the Lord, letra, tradução e vídeo: http://www.vagalume.com.br/ron-kenoly/i-see-the-lord-traducao.html

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