domingo, 30 de setembro de 2012

Sim, eu amo a mensagem da Cruz?

"E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me."
Lucas 9:23


Esses dias uma pessoa idosa e muito amada disse-me, bastante indignada: “Se Deus fosse tão duro, como ‘vocês’ acham...”.
Deus não é duro, e absolutamente isso não é o que “nós” pensamos. A vida após a queda no Éden que é dura. E o ser humano também é duro de coração: vive unicamente para si, sem jamais lembrar-se do sacrifício divino.
Não sei porque supõem que o Senhor age como um Pai superprotetor que não se importa em exigir obediência, respeito, ou preparação da parte de seus filhos para enfrentarem as dificuldades da vida.
Chesterton fala sobre o assunto, abordando a vicissitudes pelas quais passou Francisco de Assis. Não há como o Cristão – usando a alegoria de John Bunyan - seguir pelo caminho estreito, que conduz à vida, sem passar pela Cruz de Cristo, e ali abandonar seu fardo de pecados, trocando-o pela cruz de cada dia. Obviamente que o Espírito Santo ajuda nossas fraquezas e nos auxilia a levar essa cruz com alegria. E que esta não nos é pesada nem nos sacrifica, se tão-somente olharmos para o Madeiro de Jesus, mas esse Evangelho fácil que tem sido pregado e vive no imaginário popular não existe.

Podemos cantar “eu aqui com Jesus a vergonha da Cruz quero sempre levar e sofrer?”, ou o amor de Cristo ainda não nos alcançou a ponto de nos constranger como aos santos do passado?



"E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta. Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério.Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura.
Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome." Hebreus 13:12-15

"Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor."Romanos 6:11

sábado, 29 de setembro de 2012

O escolhido dos milhares para mim


"E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me.

Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades.
Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
E os discípulos se admiraram destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
E eles se admiravam ainda mais, dizendo entre si: Quem poderá, pois, salvar-se?
Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis.
E Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos, e te seguimos.E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no século futuro a vida eterna." Marcos 10:21-30


- Qual voto você acha mais impossível de manter: castidade, obediência ou pobreza?

A pergunta era feita por uma colega muito querida a várias garotas, num intervalo entre as aulas na faculdade. Ela morara alguns anos em uma instituição católica e aparentemente ficara impressionada com o “peso” do compromisso assumido pelas  pessoas com quem convivera.
Esperava a minha vez de responder, mas infelizmente esta nunca chegou. Porque a resposta óbvia e impopular era “veja bem, a rigor TODOS os cristãos solteiros estão vinculados aos dois primeiros compromissos”.
Sei que essa declaração causaria estranheza e bastante zombaria, mas não seria necessária muita coragem para proferi-la;  depois de algum tempo percorrendo o caminho estreito  acostumamo-nos a ser “o bicho raro” do local.
Lembrei-me desse episódio porque hoje lia os comentários de Chesterton sobre a vida de São Francisco de Assis e esta “minha” resposta aparece logo no início do estudo.
A verdade é que ao debruçarmo-nos sobre a vida de homens de Deus como o próprio Francisco, Elias ou João Batista, evidencia-se a afirmação de São João de que os seus mandamentos não nos são pesados. Nem mesmo a sedução do dinheiro, do ganho material e de todo o sucesso que este traz consigo pode tirar nossos olhos da Cruz, a partir do momento em que A compreendemos e amamos.
Acho interessante como todos estes homens viviam afastados da sociedade, mas insistiam em importuná-la com sua santidade. Porque quando o amor de Cristo entra, também explode a compaixão pelo mundo perdido, não obstante não exista mais nenhuma comunhão possível com o pecado que este carrega.

Que possamos repetir como o hino abaixo: O mundo não será capaz de afastar os meus olhos de Ti, oh Pai!


"Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus."1 João 3:9

"Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará.
Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei.
(...) Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.Hebreus 13:4, 5, 17


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

M-m-m-my g-g-g-g-generation


"E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;
Estando cheios de toda a iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade;
Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães;
Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia;
Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem." Romanos 1:28-32

Estive esse fim de semana no Campo de Marte. Não sou aficionada, nem mesmo sei os nomes dos aviõezinhos, mas três coisas me recrearam o espírito, como diria o apóstolo Paulo: a companhia, a organização militar, e as acrobacias aéreas da Esquadrilha da Fumaça.
Por isso mesmo revoltou-me ouvir, no domingo, comentários impublicáveis, depreciativos e de baixo calão, por parte de meia dúzia de insatisfeitos na platéia, que ainda ajuntaram: “os caras não fizeram quase nada!”.

O versículo acima fala justamente dessa nossa geração, que já viu de tudo, já teve tudo, e não aprecia praticamente nada.
Fico pensando como pode uma iniciativa totalmente voluntária e que exige técnica e muito esforço ser mal recebida. É muita ingratidão e falta de considerção, para não dizer ignorância.

Mas... se formos ver a fundo, fazemos isso todo o dia com o Criador, que dá a vida, o tempo e o livre-arbítrio. E escolhemos reclamar, nos frustrar, e culpá-Lo por nossa idiossincrasia.

Mafalda y Miguelito - Tirinha que mais gosto do Miguelito.. rss <BR> <BR> <BR>EEEEEEE to de fériaaaaaas \\o/ .o/ - Fotolog

"Pois, quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, por todos os dias da sua vida de vaidade, os quais gasta como sombra? Quem declarará ao homem o que será depois dele debaixo do sol?"Eclesiastes 6:12

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A contribuição

"Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;(...)
Antes que se rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço,
E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu" Eclesiastes 12:1-7

Para o Tio Márcio
 
Tenho uma amiga que sempre fala em "darmos a nossa contribuição" para as pessoas. A questão é: Até que ponto fazemos realmente a diferença? Até que ponto a nossa boa-vontade ajuda alguém?
É claro que devemos ter crítica, nos aperfeiçoar e auto-conhecer a cada dia, mas há também momentos de agir, de produzir e de acreditar que todo o dom perfeito provém de Deus.
 
Esses dias lia um conto de Andersen e fiquei pensando a respeito. Compartilho aqui a versão em português:
 

O caracol e a roseira

(...) No ano seguinte, o Caracol estava quase no mesmo lugar de antes, isto é, ao Sol e ao pé da Roseira; esta estava cheia de botões, que começavam a abrir-se, mostrando umas rosas magníficas, sempre viçosas e novas. E o Caracol, mostrando meio corpo para fora da concha, esticou seus tentáculos e os encolheu novamente, para voltar a esconder-se.
- Tudo tem o mesmo aspecto do ano passado. Não se vê o mínimo progresso em nenhum lugar. A Roseira está coberta de rosas... Mas nunca fará nada de novo.
Passou-se o verão e logo após o outono; A Roseira dera rosas lindas, até que começaram a cair os primeiros flocos de neve.
O tempo ficou úmido e tempestuoso e a Roseira se inclinou até o solo, enquanto o Caracol se escondia dentro da terra.
Começou novo ano e a Roseira reviveu. O Caracol também apareceu.
- Você já é uma roseira velha - disse o Caracol - de forma que logo secará. Você já deu ao mundo tudo o que havia dentro de si. E se isso valeu alguma coisa, é assunto que não tenho tempo de examinar; mas o certo é que você não fez nada para o seu aperfeiçoamento, senão teria produzido algo diferente. Pode negá-lo? E agora você se converterá numa vara seca e desnuda. Entende o que digo?
(...) - Não - replicou a Roseira - dei flores com a maior alegria, porque não podia fazer outra coisa. O Sol era tão quente e o ar tão bom!... Eu bebia o orvalho e a chuva; respirava... E vivia. Logo me chegava novo vigor da terra, assim como do céu. Experimentava um certo prazer, sempre novo e maior, e era obrigada a florescer. Tal era a minha vida, não poderia fazer outra coisa.
- Você sempre levou uma vida muito cômoda - observou o Caracol.
- Na realidade, sinto-me muito favorecida - disse a Roseira - e, de agora em diante, não vou possuir tantos bens. Você possui uma dessas mentes inquiridoras e profundas e de tal maneira é bem dotado, que não duvido de que assombrará o mundo sem demora.
- Não tenho tal propósito - replicou o Caracol - o mundo não é nada para mim. Que tenho a ver com ele? Já tenho muito o que fazer comigo mesmo.
- Em todo caso, não temos o dever, na terra, de fazer o que pudermos pelo bem dos demais e de contribuir para o bem comum com todas as nossas forças? Que foi que você já deu ao mundo?
- Que foi que eu dei? Que lhe darei? Pouco me importa o mundo. Produza as suas rosas, porque sabe que não pode fazer outra coisa; que as avelãs dêem avelãs e as vacas leite. Cada um de vocês possui um público especial; eu tenho o meu, dentro de mim mesmo. Vou entrar dentro de mim e permanecer aqui. O mundo para mim não é nada e não me oferece o mínimo interesse.
E assim o Caracol entrou em sua casa e se fechou.
- Que lástima! - exclamou a Roseira - não posso colocar-me num lugar abrigado, por mais que o deseje. Sempre tenho que dar rosas e mudas de roseira. As folhas caem ou são arrastadas pelo vento e o mesmo acontece com as pétalas das flores. Em todo o caso, eu vi uma das rosas entre as páginas do livro de orações da dona da casa; outra de minhas rosas foi colocada no peito de uma jovenzinha muito formosa, e outra, enfim, recebeu um beijo dos lábios suaves de um menino, que se entusiasmou ao vê-la. Tudo isso me encheu de felicidade e será uma das recordações mais gratas de toda a minha vida.
E a Roseira continuou florescendo com a maior inocência, enquanto que o Caracol continuava retirado dentro da sua viscosa casa. Para ele o mundo não valia nada.
Passaram-se os anos. O Caracol voltou para a terra e a Roseira também; do mesmo modo a rosa seca no livro de orações já desaparecera, mas no jardim floresciam novas rosas e também havia novos caracóis; e se escondiam dentro de suas casas, sem se incomodarem com os outros porque para eles o mundo não representava nada. Teremos que contar também a história deles. Não, porque, no fundo, não se diferenciariam nada daquilo que já contamos."
 
Ou seja, chega de nos abstermos de agir. De viver. De contribuir.
 
"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado." Tiago 4:17