quinta-feira, 8 de março de 2012

Heróis da fé?

" E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. " Hebreus 11:36-38 

Ontem, quando subia a ladeirazinha de dois quilômetros e meio de volta para casa (nada de sedentarismo, irmãos! \o/) passei em frente a uma igreja evangélica. Debaixo do sol escaldante estava um rapazinho de uns treze, quatorze anos, camisa, gravata, e um jornalzinho na mão.

Fico emocionada quando vejo pessoas de pouca idade trabalhando para Cristo. Muitos passavam reto. Fiquei com pena e peguei o tal jornal.


Confesso que o garotinho causou mais impacto em mim que o impresso propriamente dito. Porém, em meio a notícias variadas (não sei que doença da Kate Moss, jogador de futebol lamentando gol perdido, receita de pepinos), uma chamou-me a atenção: Um pastor no Irã condenado à morte por não negar a fé.


Nós aqui temos tanta liberdade que é só passarmos por um início de rejeição ou mesmo por uma chacotazinha e já ficamos ofendidos; muitas vezes até nos calamos e retraímos. “Ninguém quer saber de nada mesmo, não prego mais!”. Cruzamos os braços e fazemos beicinho, como se fôssemos lá muito sofredores. Perseguição propriamente dita passa longe de nós, e arrumamos desculpas ridículas para nos acomodarmos.


Lembrou-me a passagem do livro O cavalo e seu menino, de C. S. Lewis, em que o garoto Shasta, voltando da escravidão e enfrentando todos os perigos possíveis, chega a Nárnia para avisar do ataque inimigo, mas encontra um povo sonolento e despreocupado.



"- Bom dia, vizinho. 
Tentou localizar quem falara e acabou descobrindo uma criatura toda espinhenta que acabava de enfiar a carinha escura entre as árvores. Era um porco-espinho. Shasta respondeu: 
- Bom dia, mas não sou vizinho. Sou um forasteiro por estas bandas. 
- Hum? - fez o porco-espinho, inquisidor. 
- Vim pelas montanhas... lá de Arquelândia, sabe? 
- Uma boa caminhada! Nunca fui lá. 
- E acho que alguém deve saber que um exército de ferozes calormanos está atacando Anvar neste instante. 
- Não diga! Que coisa! E contam que os calormanos habitam a centenas ou milhares de quilômetros daqui, lá no fim do mundo, depois de um marzão de areia! 
- Não é tão longe quanto você pensa. Alguma coisa precisa ser feita. O seu Grande Rei precisa saber... 
- … claro, é preciso fazer alguma coisa. Acontece que estou indo para a cama tirar uma soneca. Alô, vizinho. 
As ultimas palavras foram endereçadas a um coelho cor-de-sorvete-de-nata, cuja cabeça acabara de apontar ao lado do caminho. Pelo porco-espinho, o coelho ficou a par da situação. Concordou também que eram notÌcias graves e que alguém tinha de procurar alguém para que alguma coisa fosse feita. 
E assim foi. A cada instante novas criaturas surgiam, algumas dos galhos das árvores, outras de debaixo da terra, até que a reunião ficou integrada por cinco coelhos, um esquilo, duas gralhas, um fauno e um camundongo. Todos falavam ao mesmo tempo e todos estavam de acordo com o porco-espinho. 
A verdade era esta: naquela era de ouro e paz, quando a feiticeira e o inverno não reinavam mais, e o Grande Rei Pedro governava em Cair Paravel, os serezinhos dos bosques de Nárnia se sentiam tão felizes e seguros que acabaram se tornando descuidados."

Diz a história que – conforme a menção bíblica acima – o profeta Isaías foi serrado ao meio a mando do ímpio rei Manasses. Foi o preço pago por profetizar e orar durante anos a favor do seu povo. E nós? Nem uma gravatinha e um solzinho enfrentamos em frente às nossa congregações, por amor às almas. Humilhante.


"Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem e quando vos separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem.
Folgai nesse dia, exultai; porque eis que é grande o vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas."
 
Lucas 6:22-23 

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